Estudo revela que a contaminação por microplásticos afeta 70% das praias do Brasil

Sete em cada dez praias do Brasil apresentam algum nível de contaminação por microplásticos, segundo o maior levantamento já realizado sobre o tema no país. O estudo, que contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), foi publicado em outubro na revista científica Environmental Research, da editora Elsevier.

A pesquisa integra o Projeto MicroMar, desenvolvido pelo Instituto Federal Goiano (IF Goiano – Campus Urutaí), e identificou a presença dessas partículas em 709 das 1.024 praias analisadas ao longo de todo o litoral brasileiro. Invisíveis a olho nu, os microplásticos são apontados por cientistas como uma das principais ameaças ao meio ambiente e à saúde humana.

Coordenado a partir de Goiás, o estudo envolveu mais de 100 pesquisadores e técnicos de diversas instituições do país, entre universidades federais, estaduais e centros de pesquisa públicos e privados. O artigo intitulado “Microplastic pollution across the Brazilian coastline: Evidence from the MICROMar project, the largest coastal survey in the Global South” é o primeiro resultado do projeto e representa um marco para a ciência brasileira — colocando um estado sem litoral em posição de destaque na investigação de um problema global.

Entre abril de 2023 e abril de 2024, foram coletadas amostras em 1.024 praias de 211 municípios, cobrindo cerca de 7,5 mil quilômetros do litoral nacional. Os dados mostram que a poluição por microplásticos é generalizada e persistente, afetando tanto áreas urbanizadas quanto unidades de conservação.

As partículas encontradas têm origem em itens do cotidiano, como embalagens plásticas, tecidos sintéticos, produtos domésticos e materiais de pesca. O resultado reforça a conexão direta entre o consumo humano e a contaminação marinha, além de evidenciar a urgência de políticas públicas para enfrentamento do problema.

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