O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), reagiu duramente à declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que afirmou que “traficantes são vítimas dos usuários de drogas”. A fala, feita durante compromisso internacional na Malásia, gerou ampla repercussão e levou o presidente a se retratar publicamente nesta sexta-feira (24).
Em entrevista, Caiado criticou o que classificou como uma distorção moral.
“Para ele, o bandido é vítima. Uma inversão completa do processo. Uma declaração textual do presidente da República… Onde é que estamos chegando no país?”, questionou o governador. “Um cidadão que defende explicitamente o traficante, o bandido”, completou.
Retratação de Lula
Após a repercussão negativa, Lula publicou uma mensagem em sua conta oficial no X (antigo Twitter), reconhecendo que se expressou de forma inadequada. O presidente afirmou que a frase foi “mal colocada” e ressaltou ter um “posicionamento muito claro contra os traficantes e o crime organizado”.
“Fiz uma frase mal colocada nesta quinta-feira e quero dizer que meu posicionamento é muito claro contra os traficantes e o crime organizado. Mais importante do que as palavras são as ações que o meu governo vem realizando, como a maior operação da história contra o crime organizado, o encaminhamento da PEC da Segurança Pública e os recordes na apreensão de drogas no país”, escreveu.
A postagem foi feita às 14h15 (horário de Brasília) — já madrugada de sábado na Malásia. No texto, Lula reforçou o compromisso do governo federal com o combate ao tráfico e ao crime organizado.
A polêmica começou após o presidente sugerir que o enfrentamento ao uso de drogas deveria incluir medidas voltadas também aos usuários.
“Os usuários são responsáveis pelos traficantes, que acabam sendo vítimas dos usuários também. Há uma troca: gente que vende porque tem quem compre”, declarou Lula, defendendo uma abordagem mais ampla para o problema.
A declaração, interpretada por críticos como uma relativização do crime, foi contestada por diversas lideranças políticas — entre elas, Caiado, que classificou o episódio como “inadmissível” e cobrou “responsabilidade” do chefe do Executivo nacional.


